Proposta de mandato coletivo para Vereador assume em Alto Paraíso. Grupo ganhou repercussão nacional
O grupo representado formalmente pelo advogado João Yuji, 31, tomou posse no ultimo domingo dia 01 de Janeiro 2017, na Câmara dos Vereadores. Só um candidato a vereador aparecia na urna eletrônica, mas o voto dado ao número 19.111 em Alto Paraíso de Goiás, no interior do Estado, "elegeu" cinco pessoas. São cinco pessoas, com idades entre 28 e 45 anos, que querem transformar a democracia representativa em "participativa".
Ao contrário de outras experiências de mandato coletivo no Brasil, em que um vereador é orientado por um conselho consultivo, todos os cinco, que têm formações distintas, prometem comparecer às sessões, colocar o voto em debate e tomar decisões coletivamente. Além disso, querem abrir mão do salário de R$ 5.000 em prol da comunidade, investindo em mutirões de limpeza, insumos para hospitais, internet pública, entre outros projetos. O grupo nega assistencialismo, e diz querer investir "sempre em algo comum", se possível, gerido pela própria população.
"Somos cinco, mas queremos ser cinquenta", diz Ivan Anjo Diniz,
um dos "eleitos" do mandato, que é guia de turismo local, ambientalista, poeta, músico e dono de uma pousada na cidade.
O grupo recebeu 148 votos, entre 4.463 eleitores. Foi o suficiente para se eleger à última das nove vagas na Câmara Municipal.
Iniciativa Apartidária
João Yude é filiado ao PTN (Partido Trabalhista Nacional). Esclareceu que o partido topou a ideia do coletivo, mas nem todos os eleitos admitem ter afinidade ideológica com a sigla. "Foi uma burocracia necessária", comenta Yuji. Eles dizem que preferiram agir de forma pragmática, e afirmam querer "transformar o sistema de dentro para fora" e subverter a lógica atual da política.
O grupo se define como suprapartidário, e, ideologicamente, afinado ao ecofederalismo, que defende, entre outras coisas, as liberdades individuais e a descentralização do poder. O acordo do mandato foi registrado em cartório. O documento contém regras para a inclusão ou exclusão de membros, e determina que todos levantem a mão em plenário para sinalizar um voto favorável. Também prevê cinco áreas de atuação: jurídica/legislativa; cultura e meio ambiente; educação; e turismo e comércio.
"Eu sou feliz de poder estar fazendo isso sem salário", diz Diniz, que há anos organiza festas comunitárias, plantios de árvores e grupos de carona na cidade. Os cinco têm discutido as ações do mandato por WhatsApp e pessoalmente, e se dizem felizes com a repercussão que sua eleição teve pelo país.
Repercussão Nacional e Internacional
A proposta chamou atenção de muitos jornais e sites no Brasil e fora do país, entre eles portais como G1, Folha de São Paulo, O Popular, Uol,